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A segurança pública e a política de estado motivada pela mídia incentivadora do populismo punitivo

POR IVENIO HERMES

A Segurança Pública Brasileira está definitivamente numa situação difícil, tendo seus rumos determinados pela mídia tendenciosa e pela manipulação da vontade popular.

Caos na segurança pública


Evidenciando isso, o efeito causado pela mídia em torno da morte do jornalista em um protesto, volta a impulsionar as manifestações públicas para um processo de vilanização, facilitando a criminalização dos movimentos sociais que, utilizando-se de meios legítimos, são mostrados como desencadeadores da desordem e não como vítimas da infiltração, orquestrada ou não, por inimigos da democracia que vandalizam, agridem e violentam a massa suscetível.

Diante da aproximação da COPA do mundo, as manifestações se tornam um alvo inoportuno de soluções imediatistas que utilizam o populismo punitivo para deflagrar a criação de políticas de Estado para a proteção de classes, como a recente decisão em relação aos jornalistas.

Mas por que Políticas de Estado somente para proteger jornalistas?

Todos os dias morrem no Brasil centenas de pessoas oriundas de diversas categorias que também merecem um tratamento sério em sua segurança. São pessoas ligadas ao segmento LGBT, negros, grupos religiosos, torcedores, moradores de periferias, manifestantes, policiais (sim, policiais também são minorias), e outros que são vítimas potenciais da segurança pública mal conduzida no Brasil.

A mesma mídia que pressiona o Ministério da Justiça a transformar a proteção aos jornalistas em uma Política de Estado é aquela que dá pouca ênfase às pessoas como o vendedor ambulante, sem nome e sem rosto, que em virtude do barulho das bombas e da fumaça que se alastrava na manifestação, entrou em pânico e foi atropelado.

Esse cidadão faleceu na noite de 07/02 no Hospital Municipal Souza Aguiar e sua vida foi subvalorizada, sua família não ganhou reportagens especiais, não houve cobertura mostrando seus familiares chorando em seu enterro, os mesmos familiares que não receberão auxílios ou pensão.

Enquanto isso, outros precisam ocupar a cadeira do vilão, e os policias extremamente desvalorizados em sua profissão, são as figuras perfeitas, pois não tem sua vida posta em risco diariamente, protegidas de forma a inibir os criminosos que atentam contra elas. Pelo contrário, os profissionais da segurança pública somente são perceptíveis quando fazem falta, e alguns ainda são execrados por tabela pela conduta de alguns desvirtuados.

Quando um policial morre, poucos notam a não ser seus familiares, até seus superiores não dão a devida importância. Policiais ficam sequelados emocional e psicologicamente e somente são percebidos quando tentam ou conseguem o suicídio, ou quando cometem erros que se relacionam ao seu estado mental.

Homossexuais, religiosos, jovens e moradores de periferias são selecionados diariamente pelo abraço da morte e a mídia quer apenas mostrar os números. Mas se menores de idade cometem crimes, surgem os ávidos defensores da redução da maioridade penal, sem considerar o caos do sistema penitenciário, nem dar atenção para o fato social originador da delinquência. Se um policial comete um crime ou um jornalista morre, rapidamente se conclui que algo precisa ser feito… O chefe requer delegado especial para investigar o crime do policial, afinal, a imagem da corporação não pode ser mais maculada ainda, e os políticos, impulsionados pela mídia, resolvem tratar o caso da morte de jornalistas como Política de Estado.

A realidade deve ser repensada visando à situação macro e uma política de Estado não pode simplesmente ser motivada pela ação midiática. É necessária uma mudança de atitude urgente em relação à Segurança Pública, essa sim precisa ser transformada em Política de Estado, cujo benefício atingiria a todos os cidadãos brasileiros.

Segurança Pública real envolve Educação e Saúde, sem as limitações impostas pela tendência orientada de maus políticos e gestores ou da mídia gananciosa. Somente a integração desses setores pode surtir efeito em promover uma mudança a curto, médio e longo prazo, afetando as gerações futuras e mudando a realidade do Brasil.

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SOBRE O AUTOR:

Ivenio Hermes é Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Colaborador e Associado Pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial.

www.iveniohermes.com

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